Apae
08/10/2010
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Desde o seu nascimento, em 1954, a nossa organização se notabilizou pela coragem em definir rumos institucionais claros e significativos na perpetuação dos valores e compromissos que norteiam as Apaes até os dias de hoje.
Os desafios que enfrentamos para cumprir a nossa missão institucional podem ter adquirido dimensões bem mais complexas. Contudo, o posicionamento do corpo diretor da Apae frente à defesa da cidadania da pessoa com deficiência continua sendo a única justificativa para o exercício dos nossos mandatos.
Ao expor minhas ideias sobre a importância do papel do dirigente Apaeano, vou procurar problematizar três conteúdos em torno deste tema na intenção de promover um debate que gere novas aprendizagens.
Responsabilidade é o primeiro conceito que merece um olhar atento por parte de todos aqueles voluntários que assumem a tarefa de presidir uma Apae. De significado aparentemente óbvio, a palavra define a obrigação de responder por um ato (ou omissão), resultante dela. Nenhuma associação, mesmo que seja sem fins lucrativos é imune às regras do direito e da ética. Vale lembrar que nos casos em que estiver envolvido o dinheiro público, seja em forma de contrato, convênio ou parcerias, a responsabilidade dos dirigentes deve ser absoluta. Porém, o que não pode ser subestimado é a clareza do presidente quanto a causa, o objetivo e o compromisso da entidade. A visão da pessoa com deficiência deve influir na dinâmica gerencial da Apae. Essa prerrogativa deixa claro que no exercício do cargo, o presidente da Apae deve desenvolver responsabilidades de natureza solidária e em condições de igualdade à pessoa com deficiência e suas famílias.
O segundo ponto que merece a nossa reflexão refere-se às estratégias de divulgação da causa Apaeana junto à comunidade. O posicionamento político do dirigente exige a geração de debates sobre a problemática da deficiência, estimulando o engajamento da comunidade na busca por soluções para essas questões. O movimento Apaeano tem um papel complementar na estrutura da sociedade quando, por exemplo, assume posicionamentos que permitam traduzir a complexidade do termo deficiência intelectual ou ao discutir um ambiente escolar que esteja além do mérito e da seriação, mas considere o aprendizado para o desenvolvimento humano. Em tempos de intensa procura por alianças e redes entre instituições e setores, a Apae deve se posicionar frente a perguntas que não são de fácil resolução: queremos influenciar as políticas públicas? Podemos ganhar mais autonomia em relação à prefeitura? Estamos dispostos a estabelecer novos convênios que garantam parte dos nossos atendimentos?
Assumir o cargo de presidente da Apae pressupõe o combate à desigualdade social. Percebo que muitas Apaes gastam mais energia em atividades meio, como prestações de contas e burocracia, deixando de se dedicar àquilo que dá sentido à sua existência: a evolução do olhar assistencialista para a visão de dignidade da pessoa com deficiência. Assim, fazer um contraponto a esta cultura preconceituosa exige criatividade e consciência quanto ao tamanho da associação e do seu papel frente ao favorecimento da autogestão e autodefesa das pessoas com deficiência.
É importante também que a liderança seja inspiradora, que exista coerência entre o que fala e o que faz e que ajude a orientar e proporcionar situações que promovam a aprendizagem e o desenvolvimento dos seus liderados, com abertura para formação de novas lideranças. Estabelecendo uma relação de cooperação que coloque os interesses comuns acima dos pessoais, conciliando as diferenças existentes.
A relevância da rede Apae é sustentar a luta pelos direitos das pessoas com deficiência em todas as circunstâncias que as tornem desprovidas de políticas sociais. Por isso, a referência da instituição na vida dos seus atendidos deve inspirar segurança e respeito. Neste sentido, o principal desafio do dirigente é estar atento para enxergar os outros e suas necessidades. Educando a sociedade e fomentando atitudes que levem a pessoa com deficiência a conquistar o seu espaço individual, expressar os seus desejos e desenvolver a sua autonomia.
Deputado federal Eduardo Barbosa,
Presidente da Federação Nacional das Apaes.